Se você, como eu, acompanha notícias e novidades sobre o cenário de tecnologia e inovação, provavelmente já ouviu falar sobre a Web 3.0, não é? Bom, sobre blockchain, com certeza já ouviu 😅
Cada vez mais, temos ouvido sobre redes descentralizadas, DLTs (Distributed Ledger Technologies), smart contracts, blockchain e por aí vai…
E não, à toa.
Mesmo sem perceber (ou percebendo haha) já estamos vivenciando a transição de um modelo de internet (vou reduzir assim pra facilitar, Ok?) centralizada, a Web 2.0, para o novo modelo/paradigma impulsionado pela Web 3.0, subsidiada aí, por tudo aquilo que mencionei aí atrás (blockchain, smart contracts, DLTs, etc).
A Web 3.0 pode revolucionar a forma como concebemos a internet, como transacionamos operações e como gerenciamos (e até mesmo MONETIZAMOS) nossa identidade digital.
Neste artigo, eu falo um pouco sobre esse cenário tecnológico, sobre os impactos, os desafios e, até mesmo, se a Web 3.0 que tanto ouvimos é, de fato, um ponto de inflexão em relação ao controle e gerenciamento de dados.
Bora lá!
Pra começar,
A Web 3.0, que é o nome popular para o que o W3C chama de “web semântica”, pode ser entendida como a “nova geração” da internet.
O World Wide Web Consortium (W3C) é a principal organização de padronização da World Wide Web. Consiste em um consórcio internacional com 450 membros, agrega empresas, órgãos governamentais e organizações independentes com a finalidade de estabelecer padrões para a criação e a interpretação de conteúdos para a Web. (Wikipedia)
De forma beeeeeeem sucinta, a Web 3.0 é o conceito definido para um novo modelo de internet, cujas tecnologias aplicadas permitem uma maior descentralização dos dados e conectividade direta entre usuários da rede.
Em outras palavras, com o emprego e uso de blockchain, NFTs, criptomoedas, smart contracts, dApps (decentralized applications) e tantos outros recursos e tecnologias em desenvolvimento (ou mesmo ainda nem inventadas) é possível, literalmente, descentralizar a rede, permitindo realizar transações peer-to-peer, ou seja, sem intermediários, e essa possibilidade, é o fundamento da Web 3.0
Hoje, é quase impossível navegar na internet, enviar e-mail, acessar as redes sociais, usar aplicativos e sistemas sem, necessariamente, precisarmos de intermediários pra isso.
E quem são esses intermediários?
Ué, Google, Microsoft, Amazon/AWS, Meta, IBM, Oracle, e por aí vai.
A partir da “revolução” da Web 2.0, passamos a LITERALMENTE, ceder os direitos aos nossos próprios dados e informações, em troca da permissão para usar servidores, serviços e aplicações, o que causou, não só um problema sério de privacidade (pois os dados de milhões, ou bilhões de pessoas, estão armazenados nos Data Centers de poucos players (essas big techs aí), mas também, precarizou a possibilidade de conexão direta entre os usuários.
Exemplo?
Se eu quero mandar uma mensagem instantânea para a minha mãe (Alôôôô Dona Helena!), dependo de WhatsApp, Telegram, etc, para isso. Sem as redes e aplicações descentralizadas que estão começando a crescer e ganhar força, acabamos ficando forçadamente atrelados a esses intermediários. Que passam a ser donos da minha própria informação 😵💫
Então, o que são as redes descentralizadas e por que elas podem mudar esse cenário?
As redes descentralizadas são uma peça fundamental da Web 3.0, como já mencionei. Nesse cenário de alta centralização, que é a Web 2.0 e o paradigma predominante hoje, dados estão sendo transacionados e armazenados em servidores privados de corporações (Google, Microsoft, Meta, etc).
Com o desenvolvimento da blockchain, de criptomoedas e dos aplicativos descentralizados, os dados podem ser transacionados em servidores “públicos” (que, basicamente, são computadores de pessoas ou organizações participantes daquele rede blockchain, do mundo todo) e são armazenados pelo próprio dono do dado (eu, você, minha mãe, etc).
Isso significa que, assim como na Web 1.0 (e isso é papo pra outro artigo), eu posso me conectar DIRETAMENTE (aquele conceito lá, peer-to-peer) com outro usuário da rede/internet, me comunicar, usar serviços e até mesmo comprar e vender qualquer coisa sem precisar de um intermediário (e-commerce, redes sociais, aplicativos, bancos 🤯, etc)
Tá, mas o que é a identidade digital e onde ela entra nisso tudo?
De forma bem geral, a identidade digital é a identificação de um indivíduo na internet/rede.
É uma certificação, ou credencial, utilizada em meios digitais, para confirmar que eu, Marcelo Costa, sou eu mesmo.
A gente não tem lá o nosso CPF e CNH?
Bom, eles são, basicamente, uma certificação, emitida por um órgão de credibilidade, por exemplo o DETRAN, que vai, de forma geral, afirmar pro mundo todo: “o DETRAN afirma que, para ele, o Marcelo Costa é quem diz ser”.
Mas a minha mãe (ó ela de novo aí) poderia emitir um documento, em folha A4, com firma reconhecida, confirmando que o filho dela, Marcelo Costa, é ele mesmo. No caso, eu 😅
Então, o que diferencia a CNH emitida pelo DETRAN, da carta emitida pela minha mãe?
Justamente, CREDIBILIDADE. E CONFIANÇA.
O DETRAN tem muito mais credibilidade para afirmar que eu sou eu mesmo, do que a minha mãe. Mas veja que, no fundo, trata-se apenas de um ENTENDIMENTO de que, pela notória prática e histórico do DENTRAN, ele tem CREDIBILIDADE para afirmar que eu sou eu mesmo, diferente da minha mãe.
Na Web 3.0 é mais ou menos a mesma coisa, com a diferença de que podem haver múltiplos validadores dessa identidade, ou credencial e, inclusive, regras diferentes para situações e cenários diferentes.
O ponto mais relevante é que, na Web 3.0, será possível que eu confirme quem eu sou, sem precisar, necessariamente, disponibilizar os meus dados na internet.
Hoje, o Google sabe exatamente a minha data de nascimento, por exemplo, pois eu precisei fornecê-la para ter acesso ao serviço de e-mail. Já. pensando em Web 3.0, seria possível que eu confirmasse que tenho mais de 21 anos, sem precisar mostrar a minha data de nascimento.
E tudo isso é validado por uma organização com credibilidade.
Como a Web 3.0 está revolucionando a gestão da identidade digital
Como comentei, a gestão da identidade digital está evoluindo com a Web 3.0.
Com as redes descentralizadas, os usuários têm controle sobre seus próprios dados de identidade. Indivíduos podem decidir quais informações compartilhar, com quem compartilhar e por quanto tempo, e isso, graças à tecnologia blockchain, que garante segurança, integridade dos dados e legitimidade.
Nenhum dado pessoal precisa ficar armazenado na blockchain, apenas metadados e credenciais e, aí sim, temos um GRANDE avanço em termos de privacidade.
Pausa para o necessário choque de realidade 🤣
Tudo que expus aqui é uma realidade se tornando cada vez mais evidente. Um mundo mais descentralizado, com identidades digitais, transações peer-to-peer e por aí vai. Esse é o paradigma da Web 3.0.
Mas isso não acontece de uma hora para a outra 😅
Não vai ser hoje a noite, que você vai excluir as suas contas do Instagram e Facebook, cancelar o Gmail, excluir o WhatsApp e pronto, PARTIU WEB 3!
Não é assim e, talvez, nunca seja 100% (ou talvez daqui 50 anos, quem sabe).
Acredito que isso que chamamos de “fase de transição” da Web 2.0 para a Web 3.0, na verdade não é uma fase, mas sim, um modelo/cenário híbrido.
O mundo ainda depende, fortemente, dos grandes players desse cenário descentralizado. Inclusive da sua capacidade computacional que, dificilmente, vai ser alcançada pelas redes descentralizadas a curto e médio prazo.
Ninguém quer esperar 6, 10, ou 15 minutos pra pagar um sorvete no PIX, não é? Ou mesmo, abrir mão de serviços de cloud computing avançados para oferta de produtos, SaaS, etc.
Nesse sentido, é importante encontrar o melhor de cada um desses mundos, Web 2.0 e Web 3.0 e saber otimizar o gerenciamento de dados e operações.
Voltando pra finalizar o tema Privacidade e Identidade
Bom, é isso aí de cima pessoal, é provável que convivamos por bastante tempo ainda nesse cenário híbrido entre Web 2.0 e Web 3.0 e, por isso, é importante entender que identidade e privacidade, andam lado a lado nesse contexto.
A Web 3.0 traz a possibilidade de termo gerência sobre os nossos dados, escolher quais dados compartilhar, com quem, por quanto tempo e em troca de quais serviços. E não simplesmente cedê-los para finalidades infinitas, como encontramos nos Termos de Uso por aí.
Estão começando a ser desenvolvidos, inclusive, mecanismos que operam de forma eficiente em relação à identidade, tanto em cenário de redes centralizadas, como descentralizadas. têm surgido, ferramentas de armazenamento de dados em Wallets e de credenciais validadas em blockchain que podem ser, facilmente, aplicadas no contexto atual.
E isso é incrível!
Concluindo
É isso pessoal, estamos vivendo esse cenário híbrido entre Web 2.0 e Web 3.0 e, para mim, é importante não ficar relevando ou negativizando um, ou outro, mas trazer o melhor de ambos os cenários para o presente.
Temos um futuro muito promissor (e que já começou) em termos de utilização e privacidade dos nossos dados. Um mundo que pode permitir muito mais conexão e segurança, impulsionando comunidades e alavancando o poder das redes, com privacidade.
Ansioso pra ver o que vem por aí! 🚀